quarta-feira, 28 de julho de 2010

Críticas: Viagens, aviões e afins.

Quero começar por dizer que adoro viajar. Principalmente de avião. Gosto muito do ar casual mas evoluído com que ficamos de passaporte na mão. Com um ar blazê carregamos a nossa malinha de dimensões pré-estabelecidas e lá vamos nós no nosso calçado confortável.

O problema começa quando entramos no aeroporto. Daí até sairmos no destino, ainda que próximo, vão passar horas. Sim, mesmo que seja uma viagem para Madrid, por exemplo. Mal chegamos vamos beber o cafézinho da ordem, porque se vamos sair de Portugal, precisamos de sentir nos lábios o doce sabor do nosso expresso. Largamos logo uns 2€ e já ficamos a arder.

A caminho do check-in paramos na papelaria para levar os últimos cochichos em português. E no check-in, se tivermos sorte é rápido e indolor. Quais robots, seguimos bem comportados para a parte da segurança, em que temos de retirar tudo dos bolsos, o cinto, o casaco... Como sou uma pessoa que não gosta de grandes esperas e muito menos de incomodar o próximo, enquanto estou na fila começo o meu strip: lá vai cinto, lá vão casacos...

E quando estamos quase, o míudo à nossa frente percebe que tem de esvaziar os bolsos. Mesmo depois de passar por vários letreiros, com desenhos e em várias línguas! Com a lentidão característica da sua juventude e também com grande patetice, retira as inúmeras moedas dos bolsos e de imediato começa uma chuva, e as ditas espalham-se rapidamente pelo chão. Com o cabelo desgrenhado nos olhos apanha as moedas uma a uma, muito lentamente, e nós assistimos serenamente. Afinal estamos no aeroporto e somos pessoas de bem porque vamos viajar...

Coloco tudo no tabuleiro, ouvimos as últimas palavras simpáticas do segurança, porque o Português é assim e avançamos pelo "ti-no-ni". Desta vez não apitei, tenho ordem de marcha. E como chegámos duas horas antes, conforme aconselhado, ficamos agora a ver os free shops e as very expensive shops do aeroporto.

É uma verdadeira seca. E atenção, se voarem em low-cost, preparem-se para atrasos e para se sentirem como num autocarro com asas. Não há lugares marcados e é cada um por si.

Quando finalmente temos ordem para entrar no avião (já fazem 3h desde que saímos de casa), formam-se filas imperceptíveis. Para já dizem sempre que as crianças têm prioridade, mas eu vejo sempre homens feitos a correr para lá. Se calhar ainda são novos, ou lidam mal com a sua criança interior...

Dentro do avião, se tivermos o azar de estar no fim do aparelho, temos de esperar em pé que todos arrumem as suas malas. E fazem-no com grande empenho e paciência, pelo menos a avaliar pelo tempo que demoram.

Quando nos sentamos já estamos exaustos... Mas vamos de férias, vamos viajar e vamos de avião, o que é uma espécie de modernismo histérico encapotado pelo nosso ar blazê. Umas horas no ar e estamos perto do destino.

Se tiverem o azar de viajar numa companhia espanhola, preparem-se para as caras simpáticas das assistentes de bordo (not...) e também para não perceber nada. Falam espanhol muito rápido, e quando falam inglês nós concluímos que deverá ser um dialecto da Amazónia, pelo enrolar da língua...

E de repente, temos o alerta para aterrar: cintos colocados, aparelhos desligados e, espera, a rapariga da frente está a tirar fotografias? Acabaram de dizer em várias línguas que os aparelhos eléctricos têm de estar desligados! Ela quer que isto entre tudo em curto-circuito, só pode! O pior é que em todos os voos que faço há sempre um artista a tirar fotos...

Aterrámos! Sempre aquela sensação de estômago perdido algures no novo espaço aéreo. Mal as rodas batem no chão, e apesar dos alertas para não ligar os telemóveis até sairmos do avião, começamos a ouvir os "ti-ti-ti-ti" das mensagens. Ah, e claro os "tshk" dos cintos que deveriam permanecer apertados até que o sinal se desligasse. Aconselho vivamente a quem se sentar nos lugares de corredor a usar um capacete. É neste momento que começam a tirar as malas de lá de cima e nunca se sabe se não vai cair um mega toblerone.

Meia hora para conseguir alcançar a mala e sair do avião... E quilómetros até alcançarmos a recolha de bagagens. Ultimamente é a parte que me têm corrido melhor. Encontro sempre a minha mala e faço uma prece de joelhos perto dela.

Finalmente podemos passar as portas que nos ligam de volta à terra. Passamos pelas portas como se fosse um portal para outra dimensão... É a dimensão das férias! Chegámos!

1 comentário:

  1. é tão giro chegarmos ao destino (quer da partida quer o da chegada) e as malas não chegarem brrr tripulação espanhola super simpática :p o que interessa é mesmo vamos de férias :o) o resto que se "lixe"
    ass. garrau

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