quarta-feira, 28 de julho de 2010

Críticas: Em busca do Sudoeste Perdido...

"Sudoeste: Vens Ver ou Vens Viver?"
- Slogan de 2010




   
Eu sou viciada em concertos. Admito o vício, abraço o vício, e tento alimentá-lo sempre que a qualidade das propostas em cartaz, e os dígitos do talão do ATM me permitem. Não estou em negação e não procuro reabilitação. A minha ideia de uma saída perfeita envolve necessariamente: o meu marido, um bom concerto e cerveja estupidamente gelada.





Tive a sorte do boom dos concertos em Portugal, terem coincidido com a assinatura da minha carta de alforria a.k.a. 18 anos. Tive também a sorte de ter um amigo que me possibilitou a entrada pela porta do cavalo em vários concertos que não se enquadravam no orçamento de uma universitária. Obrigada, Amigo!






E assim chegamos ao Verão de 1999, Paleolítico de Cima, o meu primeiro Sudoeste. Música, música, música! Cerveja, sol, mar, quatro noites sem dormir, casas de banhos com um índice de radioactividade superior a Chernobyl, quantidades de pó capazes de estancar uma hemorragia. O que é que se pode querer mais? Desde 2003 que não falho um Sudoeste, são 4 dias por ano em que me permito ter 18 anos outra vez. E era, até a um passado relativamente recente, sinónimo de muita e boa música.


O Sudoeste já não é o que era (já ouvi tanta gente dizer isto que já me soa a frase feita)! Passo a explicar:





Morangos com Açúcar: não perceberam a referência? A primeira vez que fui à Herdade da Casa Branca tinha 18 anos e era seguramente das mais novas. Pois é, hoje em dia qualquer diferença entre a fila para o casting do épico seriado da TVI e a fila para as pulseiras do festival, é pura coincidência. A não ser que eu esteja na fila para desiquilibrar o escalão etário. Será fácil identificar-me: mais velha, sem maquilhagem e sandálias de cunha de 12 cm (claramente o calçado ideal para um solo à la cordilheira do andes)







Feira Popular/Colombo, isto é, o Recinto: pois é isto, meus amigos. O que começou por ser um terreno com um palco no fundo, barracas de cerveja dos lados, umas bancas de bugigangas no meio, é agora um cruzamento entre um parque de diversões e um centro comercial, com uma qualquer música de fundo. Uma roda gigante, meus amigos? E se fosse só isso: no dia em que vi o símbolo da McDonald´s no recinto de festival, houve algo em mim que morreu...


Cartaz: Deixei para o fim, a mesma atitude da organização, curiosamente. Sim, agora vão mais bandas, há mais palcos, mais diversidade de estilo. E então? Tinham de prescindir da qualidade em benefício da quantidade. Aparentemente. Vamos analisar os cabeças de cartaz deste ano: 




Groove Armada

Terceira vez no Sudoeste, o último álbum é de 2007, e foi um best of;









Jamiroquai

Segunda vez no Sudoeste, o último álbum é de 2006, e foi um best of (será que encontrei um padrão?)








Massive Attack

Vigésima nona vez em Portugal, terceira vez no Sudoeste,  e um karma pessoal. Não gosto do som mas esbarro com eles em 95% dos festivais a que vou.







Mika

Contratar o Mika para o Sudoeste é como contratar o Carlos Queirós para seleccionador nacional. E mais não digo...






Concluindo e resumindo, eu vou ao Sudoeste este ano. Tirem lá esse ar de espanto, quem é que não quer ter dezoito anos outra vez? Ao slogan do Sudoeste deste ano, respondo: vou viver. Mas gostava de ficar mais entusiasmada com o que vou ouvir...














2 comentários:

  1. Bom, acompanhando a VerdeCódigoVerde, também não falto a um SW desde 2003, e esse foi o primeiro ano em que estive lá. A qualidade do cartaz vai descendo de ano para ano assim como a média de idades, é vero. Mas eu também vou. Porque sim! Porque se reunem amigos e voltamos a ser mais novos... E isso é tão bom!

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  2. Amen! É porque é bom termos 18 outra vez, porque de facto o cartaz é muito pequenino. Tanta coisa que cá podia vir...

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