terça-feira, 29 de junho de 2010

Críticas: D. Januário, a excepção confirma a regra

Caríssimos,

Esta noite para vosso deleite, temos um artista convidado.  A minha cara-metade. Se quiserem saber mais sobre ele podem consultar um post anterior chamado "O meu MARido". Como poderão verificar os seus talentos não se resumem à apanha de robalos. 
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Aconselho vivamente a leitura da entrevista que D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, deu ao jornal I na edição do último fim de semana (26/27JUN). Desta, retiro as seguintes passagens:


I - Não ficou chocado quando leu o "Evangelho Segundo Jesus Cristo"?
"Não. A mim o que me chocou foi perceber que muita gente o atacava só por ser comunista e por não ser católico. Isso não tem nada a ver com a qualidade da sua produção literária."

I - Criticam-no por ser de esquerda, por exemplo...
"Isso para mim até é muito simpático. Se as pessoas entenderem que ser de esquerda é falar dos problemas sociais, defender gente desempregada, demonstrar diante de sistemas governamentais a sua inutilidade, desvarios e erros...Tenho-me batido por isto e até dada altura parecia estar sozinho na luta. Fiquei contente quando ouvi, recentemente, o grande bispo do Porto, D. Manuel Clemente, falar sobre as Scut. É importante um bispo alertar para as condições sociais das populações. Foi o grito de um cidadão bom, inteligente, educado, que lança um alerta."

I - Como encara o movimento de gays católicos?
"São pessoas que põem problemas. Eu acho que o drama de cada pessoa deve ser entendido. Nós julgamos e jogamos com generalidades. Eu despertei para este problema já há muitos, muitos anos, quando conheci um casal que já não era jovem e que me confessou, amargurado, que o filho era homossexual. E eles sofriam e diziam: Não discriminamos o nosso filho, achamos que não é um crime.
Nós podemos não aceitar nem entender que os nossos filhos sejam homossexuais mas temos de os amar, não os podemos afugentar. E a Igreja só pode ter uma atitude: acolher, ouvir, tentar entender. Eu às vezes pergunto a colegas: Você já alguma vez falou com um homossexual? É que eu já e sabe o que vi? Uma pessoa que sofria loucamente, porque não era entendida, porque tinha uma orientação sexual que não é aceite socialmente. Alguém que se sentia só, escorraçado. Alguém que se escondia."

I - A fé cabe, então, no domínio da razão?
"(...)Há uma frase de Pasteur de que gosto muito: Porque eu estudei muito, tenho a fé de um bretão. Mas se eu tivesse estudado mais, teria tido a fé de uma mulher da Bretanha - Porque a mulher é mais piedosa. Esta frase tem sido um dos grandes guias da minha vida".


Não sou católico e continuo convicto que a Igreja Católica parou no tempo. O Papa chegou a Angola, onde a pandemia do HIV assume proporções assustadoramente trágicas e declarou, do cimo da sua autoridade insuspeita, que o uso do preservativo não contribui para combater este flagelo; relativamente à pedofilia praticada por sacerdotes, a Igreja tentou ocultar os casos em vez de punir os prevaricadores.
O Papa vem a Portugal, o País pára três dias e o momento alto da visita é um grupo de betinhos cantarem até Sua Santidade vir à janela dizer: ...deixem-me dormir! Enfim...
Contudo, ao ler a citada entrevista, constato que no seio da Igreja Católica também há uma minoria de vozes esclarecidas,desassombradas, inteligentes, humanistas e visionárias, que contribuem para a tranformação do mundo num sítio melhor.
    

1 comentário:

  1. Da visita do Papa a Portugal, recordo-me sempre, e tristemente, as imagens de um grupo de jovens que recebe preservativos de um grupo que os distribuía, e rapidamente os atiram para o chão e os pisam com um ar muito revoltado. Fiquei chocada... Serão virgens? Ou estarão minados de DST's??...

    É como dizes, existe pelo menos alguém do seio desta instituição com visão!

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