quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Críticas: Os casos Queiróz, Mourinho e Paulo Bento

Já temos um novo seleccionador. A decisão só demorou 3 meses a ser tomada. Sim, 3 meses. Foi há 3 meses que Portugal esteve no Mundial de Futebol na África do Sul e teve aquela prestação.

Temos com isto vários pontos de interesse para pensar.

"Aquela prestação" não foi assim tão má. Afinal de contas passámos a fase de grupos e fomos eliminados por aquela que se tornou a selecção campeã do Mundo. Não parece mau de todo, mas é. Não a derrota com a Espanha mas as exibições, os casos, o ambiente vivido no seio da comitiva toda, jogadores, equipa técnica e staff. Aliás tudo isto já não era bom na fase de apuramento, conseguido in extremis com um play-off ganho à rasca à poderosa selecção da Bósnia.

Carlos Queiróz, por muito que se queira defender por dois campeonatos do Mundo de juniores ganhos há demasiados anos, nunca foi um bom treinador. Esta é a opinião generalizada e minha também. O seu percurso fala por si. Mas o grande problema não é ele. O problema é de quem o escolhe, de quem o contrata. Isto é, Gilberto Madaíl.

Como é óbvio, depois desta saga toda e de todos os acontecimentos ocorridos na era-Queirós, só havia uma solução: demitir o seleccionador. Escandaloso todo o processo que se seguiu para conseguir esta demissão. Mas lá se conseguiu.

Mas Madaíl conseguiu passar ao lado de toda esta polémica. Todos falaram, contra ou a favor de Queiróz. Laurentino Dias, Amândio de Carvalho, Pinto da Costa, Luis Filipe Vieira, António Simões, etc, mas Gilberto andava a preparar uma saída do problema em glória. E conseguiu. Criar a ilusão de ir buscar o melhor treinador do mundo, sabendo que nunca seria possível, mas fazer esquecer tudo o que se passou nos últimos meses.

Então que venha Mourinho. Alguém no seu perfeito juízo acharia realmente possível o Mourinho vir treinar a Selecção e por apenas dois jogos? Para já, que lógica teria ser apenas 2 jogos? E depois, alguma vez o maior clube de sempre, com os adeptos mais exigentes existentes, se permitiria ficar sem o seu "Special One", nem que seja por apenas duas semanas? Obviamente que não. E Madaíl sabia disso. Todos sabem disso. Mas todos também gostariam que essa ilusão fosse possível e por isso todos entraram nesse jogo. Inclusivamente e, para mim, surpreendentemente, o próprio Mourinho, que apesar de gostar de sair de qualquer cena como o grande heroí, foi usado como uma marioneta pelo presidente da FPF. Ilusão que deu (obviamente em zero), contrata-se então Paulo Bento, o simpático treinador que não só os sportinguistas gostam. É português, é novo, é ambicioso e já chorou numa conferência de imprensa. Cai bem.

E Queiróz? Quem se interessa agora? Ai o Conselho de Justiça da Federação anulou a suspensão de Queiróz? É indiferente, o que interessa agora é saber qual a convocatória do Paulo Bento e se ele consegue salvar o apuramento! Queiróz nunca devia ter sido Seleccionador porque é mau treinador e era óbvio que não dava em nada, mas foi mal tratado, foi injustiçado provavelmente. Mas quem tem culpa é quem manda, quem o contrata e não soube prever o desastre. E quem vai agora financiar a indemnização? Os contribuintes, claro está. Duma maneira ou de outra, seremos sempre nós. A única coisa que tenho pena é de não saber qual iria ser a convocatória do Mourinho. Ele afirmou que iria "treinar o Cristiano, o Ricardo Carvalho e o Pepe", o que não deixa de ser curioso para quem chegou a afirmar que se fosse Seleccionador não convocaria brasileiros. Mas fica para outra.

Sem comentários:

Enviar um comentário